21 julho 2009

A velha e boa TV conta histórias como ninguém



Transcrevo, copio, colo, chupo, dou Control+V e assino embaixo das palavras de Fernand Alphen, diretor de Branding, Planejamento e Pesquisa da F/Nazca:

“A TV não é um meio ultrapassado. A Internet ou qualquer tecnologia interativa é péssima para contar histórias. História exige linearidade e passividade do lado de quem está ouvindo. Tem horas que só queremos uma boa história e para isso, a TV é imbatível. Mas, às vezes, a gente quer atuar, daí, a gente vai chafurdar na internet.”

Mais uma opinião, e de peso, que atesta: mídia nova não mata mídia velha. Apenas a força a se repensar e reestruturar. Tem público para todos. Briefings e idéias também.

20 julho 2009

Ainda sobre o silêncio


Sempre falo nas aulas de redação publicitária III que os roteiros devem ter indicação de trilha. Uma cena em uma rua movimentada, onde acontece um diálogo, deve ter uma trilha. Uma música ou algum efeito, ruído, barulho, sei lá, em segundo plano. Nesta cena, o silêncio seria mero esquecimento do redator quanto à indicação da trilha.

O verdadeiro silêncio é intencional. É inerente à situação. O silêncio é a trilha do vácuo.

Falou-se muito há uma semana na chegada do homem na Lua. Naquele dia, eu estava lá, na frente da TV, assistindo ao vivo e sem cores. (sim há exatos 40 anos. sim, eu tinha 10 anos). E o silêncio fazia parte do cenário. A Lua, a tão sonhada e cantada Lua, era um belo e misterioso deserto silencioso.

Um silêncio que foi quebrado pelas palavras do Armstrong, que falou algo pronto, sobre passos pequenos de um grande avanço da humanidade. Mas, eliminando-se a frase feita e pontuada pela antítese de efeito, o silêncio estava lá. Envolvente, absoluto, lunar.

É este silêncio completo que não sou mais capaz de ouvir. Talvez já tenha falado aqui sobre este zumbido que me acompanha nas horas acordadas da vida. Um zumbido linear, monótono, sem graça. E cansativo.

Queria escutar de novo o silêncio. Queria ir pra Lua pelo menos uma vez. Desceria da nave sem frases prontas, sem jogos de palavras. Sem dizer nada. E sem escutar nada.

Na Lua, os redatores esquecem de indicar a trilha.

19 julho 2009

O silêncio

Uma semana sem escrever um post. Ou mais. Ou um pouco menos. Não parei pra fazer as contas de quantos dias este blog ficou em silêncio. Durante todo este tempo só o eco das palavras já ditas. Bem ditas? Mal ditas? Não sei e nem quero saber.

Raras vezes visitei meu blog apenas para ler minhas frases passadas. Pra falar a verdade, acho que foram duas vezes apenas. Li meus primeiros posts. Gostei do que li. Não pelo estilo, pelo jogo de palavras ou pelas mensagens. Nada disso. Gostei porque eu estava estreiando uma nova (para mim) maneira de escrever. Mais solta, mais minha, mais descompromissada com o leitor.

Bem diferente de escrever um anúncio onde tudo é voltado para quem lê. Sempre encarei meu blog (viram o pronome possessivo ali?) como um instrumento a serviço do meu (de novo!) prazer de escrever.

Aliás (sempre quis usar esta palavra em alguma frase), no primeiro post falei exatamente isso: escreveria aqui o que eu desejasse, afinal era a primeira vez que escrevia sem briefings ou encomendas. E gostei tanto de escrever os posts que não parei mais.

Ou melhor, parei uma semana atrás. Mas, agora, retomo o blog, mesmo sem assunto. Na verdade, pretendia escrever sobre o silêncio. Sobre como o silêncio comunica. Como o silêncio passa suas diversas mensagens.

Mistério. Suspense. Emoção. Êxtase. Solidao. Ausencia.

Paro por aqui porque o teclado nao esta mais colocando acentos nas palavras. E silencio tem circunflexo.

09 julho 2009

Leite Derramado. O post completo.

Já que deu problemas técnicos com meu post lá no blog DeCabeceira, reproduzo aqui o post completo falando sobre o livro Leite Derramado.

"Escrevi aqui, outro dia, que estava lendo Leite Derramado, de Chico Buarque. Terminei já há alguns dias. Por que não escrevi este post antes? Falta de tempo e também de assunto. Não sabia o que dizer sobre o livro. Se gostei. Se não gostei. Enquanto pensava, lia outro livro. Mais um do Scott Turow, mas isso é assunto pra outro post.
Sobre o Leite Derramado, que eu não sabia se estava gostando ou não, agora confesso: gostei.
Chico, já li e ouvi tanto dele que posso cometer essa intimidade de tratamento, descreve as memórias de um homem centenário que faz um “review” (o termo é meu) da sua vida e da história da sua família.
O livro é um monólogo dirigido a quem quiser escutar: sua filha, as enfermeiras ou a você (no caso, eu). E no seu monólogo, às vezes delirante, ele faz desfilar toda a história decadente da sua família – e da própria aristocracia brasileira – ao longo dos anos.
Assim, de página em página, vamos sendo apresentados a uma decadência social e econômica, entrelaçada à história desse nosso país.
Na verdade, o livro é uma saga, ou minissaga (ou será mini-saga???) já que o romance inteiro não tem mais do que 200 páginas. E traz uma história embaralhada cronologicamente, afinal trata-se da memória de um velho de 100 anos.
E este é o aspecto criativo no livro do Chico Buarque. Um discurso meio desarticulado, por isso, curioso. E criativo. A gente chega a se sentir neto daquele velhinho ex-burguês e solitário no leito de um hospital público.
Trat-se de um monólogo, mas não é chato como a maioria deles. Chico (já estou íntimo) consegue criar imagens fortes e nítidas com sua prosa elegante e fluente. Ele descreve pessoas que, de tão detalhadas, tornam-se visíveis aos olhos do leitor. Duvido que alguém que leu o livro não tenha na frente dos olhos a exuberante figura de Matilde.
Bem, já escrevi muito. Se você se interessou pela história, vale a pena conferir. Não é nenhum Budapest, mas é um belo Brastemp."

08 julho 2009

Leite Derramado de Chico Buarque. Vale a pena ler?



O livro de Chico traz um monólogo de um velhinho centenário no leito de um hospital público. Um monólogo dirigido a quem quiser escutar: sua filha, as enfermeiras ou a você (no caso, eu). E no seu discurso, às vezes delirante, ele faz desfilar toda a história decadente da sua família – e da própria aristocracia brasileira – ao longo dos anos.

Quer saber mais sobre o livro? Dê uma conferida lá no blog DeCabeceira, onde publiquei um post-crítica sobre o livro.

Vale a pena ler. O post? O livro? Vc decide.


07 julho 2009

Cheio de assuntos. Vazio de ideias.



Sabe aqueles dias em que você quer fazer tudo, mas não sabe como começar?

Aqueles dias em que você fica olhando pro teclado e não se decide em qual tecla vai bater primeiro. Aqueles em que você pensa em todos os assuntos ao mesmo tempo e, por isso mesmo, não consegue chegar a conclusão alguma.

Pois é. E você pensa em MJackson, Chacrinha e Sérgio Malandro. Pensa em Marcelo Tas, São Pedro e Dom Pedro. Pensa na Rainha Louca, na orelha de Van Gogh e Mané Garrincha.

Você está cheio de assuntos, todos os assuntos, menos o seu assunto.

Criar propaganda sem um briefing definido é mais ou menos assim. Você pode pensar em tudo, e tudo parece ser solução. Qualquer idéia mirabolante parece resolver o problema, porque, na verdade, você nem sabe muito bem qual é o problema.

Definir a pergunta é fundamental para se encontrar a resposta.

Por isso, na próxima vez em que você for criar um anúncio, um cartaz ou uma campanha, comece escrevendo na página em branco o problema que você deve resolver.

E se concentre nele. O resto é consequência. Simples assim.

03 julho 2009

Questão de Foco

Ter um foco, manter o foco. Tudo isso sempre foi importante demais. Hoje mais do que sempre. Vc trabalha conectado. Vc estuda conectado. Vc conversa conectado. E esta conexão é com o mundo. Ou melhor, com um universo de assuntos, temas, pessoas. E universo, vc aprendeu lá no colégio, é infinito.

Então, a gente acaba ficando a mercê de todos estes impulsos e informações. E o foco naquilo que você estava, ou deveria estar, fazendo? Em qual das janelas ele se perdeu?

Dá-lhe Twitter. Dá-lhe Skype. Dá-lhe MSN. Dá-lhe Orkut. Dá-lhe e-mail.

Não estou aqui querendo dizer que todas estas poderosas e valiosas ferramentas são do mal. Nada disso.

Quero apenas dizer que não dá para perder o foco.

Com foco vc produz mais. Com foco vc aprende mais.

Se é hora de Twitter, foco no Twitter. Se é hora de ler e responder e-mails, foco nos e-mails. Se é hora de conversar ao vivo (lembra como é?) foco na pessoa.

Não faça como aquele diretor de agência que te chama pra reunião e fica monossilábico com vc, enquanto lê e responde e-mails. Sem ao menos olhar pra vc.

E, finalmente, na hora de criar foco total no briefing. Ali é que estão as soluções.

Tudo é questão de foco. Simples assim.