31 agosto 2010

Eu só queria comprar um shampoo


Isso mesmo. Eu só queria comprar um shampoo e perdi exatos 6 minutos na frente da gôndola do supermercado. Andando de um lado para o outro. Olhando um a um. Examinando um a um. Lendo o rótulo de um a um.

Em outros tempos era bem mais fácil. Lembro que havia apenas shampoo para cabelos secos, oleosos ou normais. Cabelos normais, esse é o problema de hoje em dia. Onde estão os shampoos para cabelos normais? No sábado, eu só queria comprar shampoo para cabelos normais.

E encontrei shampoo disciplinador, shampoo anti-esponjante, shampoo para cachos molhados, shampoo para lisos perfeitos, shampoo sem sal, shampoo para cabelos tingidos, shampoo para isso, shampoo para aquilo e shampoo para não sei mais o quê.

O tempo passando, e eu ali, em frente à gôndola, quase arrancando meus humildes cabelos normais. Confesso que já estava um pouco envergonhado, afinal em plano 2010 eu ainda tenho cabelos, simplesmente, normais.

Tenho culpa se meu couro cabeludo se manteve no século XX? Tenho culpa se meus cabelos não são esponjantes? Ah, que saudade do tempo em que se “lavava a cabeça” com sabão de coco. Era tudo mais simples, até o marketing.

27 agosto 2010

Marcas, candidatos e redes sociais

Em época de campanhas eleitorais, volta com força o assunto Redes Sociais. Todos os candidatos majoritários estão lá, seja em níveis estaduais ou mesmo federal. Blogs, Twitters, Flickrs, Orkuts, Facebooks, Canais no Youtube e redes Nings são as ferramentas preferidas.Alguns utilizam com boas estratégias, usando a linguagem de cada ferramenta. Outros, nem tanto.

Não é de hoje que as redes sociais são apontadas como uma tendência complementar para ações empresariais. Na verdade, uma tendência que se transforma cada vez mais em realidade. O consumidor, ou eleitor, já está lá como prova o Instituto Nielsen, que revelou que 86% dos usuários de internet utilizam as redes sociais.

Hoje em dia, ter um perfil no Twitter, Facebook ou Linkedin já deixou de ser um passatempo. A coisa ficou séria, profissional. Marcas famosas, e outras nem tanto, estão experimentando este relacionamento virtual. As redes sociais aproximam as marcas de seus consumidores, os candidatos de seus eleitores. As redes sociais humanizam a empresa, e deixam os candidatos com jeito e sentimento de pessoas como a gente.

São vias de mão dupla. Se por um lado as pessoas podem falar, opinar, sugerir ou queimar o filme de alguma marca ou candidato, por outro lado estes podem usar as redes sociais como um grande observatório da realidade.As redes assumem a função de ferramentas de consultoria, afinal trazem para a empresa/candidato a opinião sincera das pessoas. E nada melhor do que ouvir o nosso cliente.

As pessoas estão ávidas por relacionamento transparentes, querem opinar, querem e ser ouvidas. Elas querem compartilhar sentimentos e experiências. E as redes sociais entram nessa como uma luva. One-to-one. Cara a cara. Fala que eu te escuto!

Mas a grande questão é: antes de qualquer ação é preciso definir o objetivo. Afinal, o quê se busca? O quê se quer? Qual o resultado pretendido? Pois é, não basta fazer. Tem que planejar. Simples assim.

01 agosto 2010

Eu quero ler, mas eles não deixam


Esta frase do título é real e ouvi de um cidadão comum (aquela espécie humana que não é publicitário) no momento em que ele tentava ler um anúncio.

O “eles” da frase se referia, claro, aos publicitários.

Agora, a minha contribuição: o Eloy Simões tem razão, os redatores estão mesmo sendo maltratados pelos diretores de arte. Ou melhor, os textos estão sendo maltratados.

Um dia desses, vi um bom título em um outdoor sobre doação de órgãos. Mas o subtítulo, que trazia o mote da campanha, era completamente invisível. Isso mesmo, invisível. Somente na terceira vez em que passei em frente ao outdoor pude notar que havia uma frase a mais. Consegui ler a tal frase na quinta vez em que passei por ali.

Estão sacrificando a leitura do texto em prol do equilíbrio do layout. Estão diagramando frases e textos sem uma leitura prévia. Corpo 8 já é considerado um luxo. O texto está pequeno? Deixa eu dar um zoom e você verá que está bom.

O problema é que o consumidor não tem a ferramenta de zoom. O problema é que as pessoas não compram uma revista para olhar os anúncios. O problema é que as pessoas não ficam procurando outdoors pelas ruas.

Já é muito difícil atrair a atenção das pessoas para os nossos anúncios. Já é muito difícil fazer com que elas leiam nossas mensagens comerciais. E nós, os publicitários, ainda dificultamos tudo, colocando textos ilegíveis.

Por isso, eu falo tanto sobre a ditadura do visual em sala de aula.