27 agosto 2009

Tem livro no forno

O livro está tomando forma. Não é exatamente a forma que eu tinha planejado. A princípio, pensava em fazer um livro em um formato e linguagem mais clássicos, aquele tipo de livro que serve de referência em um trabalho de pesquisa. Um livro para servir de citação, direta ou indireta.

Mas estou escrevendo, escrevendo, escrevendo... e vendo o livro tomar vida própria. De vez em quando, no meio de um assunto, surge uma frase, um conceito, uma pequena história. E o livro desvirtua de seu trajeto normal.

Ou será que estará aí sua maior virtude?

Acho que o livro está tomando a cara das minhas aulas. E quem já foi meu aluno sabe: vivo saindo do script da aula, conto histórias tão boas de serem contadas (não sei se tão boas de serem ouvidas) que acabo até esquecendo porque puxei da memória aquela ladainha.

Escrever está sendo tão gostoso quanto dar aulas. E isso é bom demais.

Simples e sincero assim.

25 agosto 2009

Fala que eu não te escuto

Nos últimos dias, falei sobre política. Não que eu tivesse a intenção de fazer política partidária. Longe disso. O assunto foi mesmo a política nacional porque não deu pra fugir do tema. Só isso.

Mas mesmo falando das lambanças de Brasília, no último post deu pra fazer um pequeno gancho para as empresas que têm medo de entrar nas redes sociais. E o medo é um só: elas temem encontrar consumidores falando mal de suas marcas.

Cá entre nós. Você prefere que falem mal de você pelas costas, sem que você fique sabendo?

“Deixa que digam, o que pensam, o que falam, eu não to fazendo nada... “

Este tipo de raciocínio só dá certo na famosa música do não menos antológico Wilson Simonal. Por falar nisso, você sabia ele se deu mal no mercado fonográfico justamente pelo que começaram a falar dele nos bastidores? Aquela história de dedo-duro da ditadura, má fama que calou sua voz, arrasou sua carreira e que somente agora, há bem pouco tempo, foi devidamente esclarecida. E desmentida. Pena que já era tarde demais.

Então, já que estamos no terreno musical: “é preciso estar atento e forte”.

É preciso estar atento ao que falam sobre a sua marca. É preciso estar atento ao que falam sobre as marcas concorrentes. É preciso estar atento a tudo. E a todos. Assim, a sua imagem estará sempre forte.

E, pelo menos até os próximos 15 minutos, ainda não inventaram nada melhor do que a internet e suas redes sociais para monitorar a voz pública.

Os consumidores estão usando blogs, fóruns, twitter e outras ferramentas para ouvirem a opinião de pessoas que já consumiram determinado produto. Ou já assinaram contratos com determinadas empresas.

É a velha comunicação boca-a-boca, porém com monitoramento e métricas.

E se a empresa contratar alguém especializado em redes sociais poderá, inclusive, entrar naturalmente neste processo de comunicação, procurando – e muitas vezes conseguindo – alterar o rumo da conversa e moldar opiniões.

Mas atenção: no parágrafo anterior está escrito “alguém especializado”. Não basta entregar esta tarefa à filha, namorado da filha ou o estagiário, que vive na internet e tem um blog.

Imagine a cena: um bar lotado e você caminhando entre as mesas. Escutando tudo o que as pessoas conversam. E, de vez em quando, apresentando-se e pedindo para sentar e conversar um pouco.

É mais ou menos assim. Ou nem tanto. Ou nada disso. Depende de você.

22 agosto 2009

Monólogo na Internet


Eu sigo o Senador Mercadante no Twitter. Aliás, eu sigo os senadores mesmo fora do Twitter. Procuro ficar sempre informado sobre o que eles fazem com meu voto.

Ontem, o Senador Mercadante foi ao plenário, fazer um pronunciamento. Estava previsto que abriria mão da liderança do PT no Senado. Pelo menos essa era uma decisão anunciada por ele, antecipadamente, como algo inarredável. Falou bem assim, ou usou outra palavra qualquer para passar um conceito de decisão definitiva.

Mas como diz aquela canção: “o para sempre sempre acaba”. E leu no seu discurso uma tal carta do Presidente Lula a ele endereçada. Aquele tipo de carta que é escrita com um único propósito: que seja lida na frente das câmeras e ao alcance dos microfones.

Em outros tempos, as cartas eram mais pessoais. Em anos passados, as únicas cartas que se tornavam assunto geral eram as do tipo reveladoras, sempre divulgadas no último capítulo das novelas da Janete Clair. Mas isso já é outro assunto.

Vamos nos deter na carta do Lula para o Mercadante. Fui lá no site do Senador ler a tal missiva na íntegra. Encontrei que “estamos juntos há 30 anos travando as lutas que interessam ao povo brasileiro e mudando a história do País”.

E, como resultado das frases tão bem escritas, o Senador Mercadante voltou atrás na sua decisão, antes, definitiva. Resolveu continuar líder do PT no Senado. Em outras palavras, resolveu ficar contra a opinião pública, contra a opinião da militância do PT, contra a ética e a favor de Sarney.

Nesses tempos de Internet 2.0, lá no final da carta estava um link para comentários. Como bom brasileiro, resolvi deixar meu comentário. Como bom redator, resolvi caprichar. Foram poucas palavras, breves linhas. Mas sinceras, muito sinceras e respeitosas.

Meu comentário deve ter ficado à espera do moderador. E deve estar esperando até agora. Há pouco, resolvi conferir no site do Senador. Abaixo do texto da carta presidencial, está lá: 0 comentários.

O companheiro Mercadante censurou minha opinião. Como muitos, ele também não quer ouvir a opinião pública, a não ser que ela, claro, concorde com ele.

É mais ou menos o que acontece com muitas empresas que não querem ficar de fora da onda colaborativa e se aventuram em redes sociais. Porém não querem ouvir críticas. Não estão preparadas para as críticas. Aliás, detestam as críticas.

Esquecem, ou não sabem, que Internet é conversação. É diálogo. É troca de opiniões. E elas nem sempre vem do jeito que a gente espera. Ou que gostaria de ouvir.

Se falam mal da sua marca, ouça as pessoas. Converse com elas. E tire da opinião de seus clientes as soluções e correções para o seu produto.

Simples assim, Senador.

16 agosto 2009

Sobre sedução

Sempre vale falar de sedução. Não aquela sedução do olho no olho, do sorriso contido no canto dos lábios. Falo daquela sedução mais abusada, mas não menos excitante. Falo do poder de sedução da propaganda.

Falo, é claro, da boa propaganda. Aquela que não busca atingir apenas a cabeça e o bolso do consumidor. Mas o coração. Aquela propaganda que não visa apenas o indivíduo-consumidor, mas a pessoa. A propaganda que não busca o puro, e sem graça, convencimento, mas a desafiadora persuasão.

Enquanto o convencimento fala à razão, a persuasão se dirige à emoção. A persuasão constrói um caminho mais excitante desde a mensagem até a ação. Exige mais do criativo. Exige mais talento, mais técnica, exige mais sensibilidade.

Geralmente, os textos mais persuasivos e bem sucedidos levam em conta mais as crenças dos consumidores do que as próprias características do produto. Identificamos os valores, necessidades e desejos do consumidor e os associamos às características do produto.

Quando se fala em sedução do consumidor, muita gente logo pensa em apelo sexual na mensagem. Historicamente, a palavra sedução carrega uma carga mundana, traduzindo uma espécie de feitiço que levava o indivíduo ao pecado. Sedução, para muitos, ainda é sinônimo de algo libidinoso, proibido, profano.

Na publicidade, a sedução carrega objetos de desejo, de felicidade, de bem-estar e de realização. A sedução aparece como um jogo de promessas e realização. A sedução na publicidade é o que fascina. E conquista.

Simples assim. Ou não.

04 agosto 2009

O triste reality show da politica brasileira.


Tanto tempo sem escrever no blog que dá vontade de falar sobre tudo o que andou acontecendo nos últimos dias. Da cadeira com super bonder do Sarney à dispensa do Nelsinho Piquet. Da gripe suína ao Avaí imbatível (espero que este post não caduque tão cedo em função deste adjetivo).

Falando em Sarney, viram o novo reality show da Globo? Da tribuna do Congresso, o incansável Pedro Simon pediu a saída do bigode de pau. Renan Calheiros (como este cara continua lá - e com muito poder - se há poucos meses ele foi corrido da Presidência do Senado?) entrou em defesa do chefe-senador itinerante.

A peleia foi boa. Simon mostrou que é determinado. Renan confirmou o que é, exatamente o que já sabíamos.


Mas o ponto alto, ou baixo, foi a intervenção do Collor (aquele mesmo, o ex-presidente corrido do Planalto pelos caras-pintadas). Com os olhos esbugalhados de ira e sei lá mais o quê, Collor vociferou seu palavreado doentio contra Simon.

Se tivesse uma arma na certa a empunharia, tal a fúria que seus olhos vidrados demonstravam. Aliás, puxar a arma e atirar contra um senador – matando-o – dizem já foi obra de seu velho pai, em idas épocas, também senador desta nossa hilária República.

Pois é. Tudo isso aconteceu de verdade, ali em Brasília. Aquela cidade simpática, e de céu incrivelmente azul, construída por Niemeyer e os candangos. Não era ficção. Não era cena dirigida pelo Boninho. Era verdade. Era tristeza. Era uma vergonha.

Enquanto isso, nosso popular Presidente rasga sua biografia e se cola em Sarney, Renan, Collor e tantos outros mais.

E agora, Bial?