22 novembro 2009

Sobre detalhes que não notamos que existem, mas que sentimos falta quando não estão lá.


Poderia falar da alegria que é poder caminhar normalmente, poder correr e pular. Coisas simples que só valorizamos quando estamos com aquela tala de gesso no pé.

Ou falar do silêncio, da tranquilidade de poder ouvir nada quando a gente está sozinho, mergulhado num bom livro. Uma situação corriqueira, que aprendi a valorizar somente quando passei a ouvir este interminável e infernal zumbido 24h.

Mas vou falar de uma coisa aparentemente banal, e que, um dia desses, senti uma falta monumental. Refiro-me ao bip do teclado da caixa automática do banco.

Você já teclou no terminal 24h do banco, sem o som das teclas? Sem o retorno de que seu toque no número foi recebido pela máquina? Pois é, você pressiona a tecla com a ponta do dedo indicador e fica sem saber se a máquina recebeu e compreendeu a informação que você transmitiu.

Comigo foi assim: teclei vários números correspondentes às senhas que sou obrigado a decorar – e que muitas vezes esqueço – e a máquina lá, na sua perturbadora mudez. Não emitiu um “ai” qualquer.

Nem mesmo uma mensagem na tela pra dizer: “continue, você está no caminho certo”. Ao final da operação, deu tudo certo. A máquina, antes indiferente a mim, resolveu me entregar os trocados pretendidos.

Confesso que, depois de pegar o dinheiro, conferir as cédulas e dar as costas para a máquina, ouvi uma risadinha eletrônica. Claro que não ousei girar a cabeça pra olhar pra trás. Achei por bem deixar aquele riso automático também sem resposta.

15 novembro 2009

Sobre advertainement

De novo, muito tempo sem um novo post. Indesculpável.

Neste tempo com o blog em silêncio, queria ter feito pelo menos um comentário sobre a palestra do Walter Longo, que eu não assisti. Havia reservado meu lugar há um mês, mas chegou a noite do evento e eu fiquei na agência.

Há muito tempo venho acompanhando as idéias do Walter Longo, incluindo muita coisa em minhas aulas, principalmente as de pós-graduação. Longo talvez seja nossa maior autoridade em advertainement, a prática de inserir o produto ou marca naturalmente no conteúdo editorial da TV.

Não se trata de meros merchandisings, que, de tão assíduos e descarados, não têm mais a pretensão de disfarçar o discurso. O advertainement, tão inteligentemente defendido por Longo, não utiliza esta técnica de interrupção tão comum na propaganda convencional.

Nele, a marca faz parte do enredo. A mensagem publicitária é passada como entretenimento.

Prometo que amanhã falo sobre isso.