24 outubro 2009
Sobre música e emoção
Passadas as turbulências normais a qualquer mudança, vou tentar retomar as rédeas do blog. E me proponho a escrever sobre um assunto - aparentemente -simples: a música na propaganda.
Sim, vou falar de música, logo eu que não consigo tirar meio acorde de um violão (e olha que já tive dois). Também fui um silencioso proprietário de uma flauta doce, adquirida numa permuta por uma camiseta de goleiro. Sempre joguei na linha, não lembro como eu tinha aquela camisa número 1. O fato é que também nunca tirei uma nota sequer da calada flauta.
Minha experiência com a música sempre se resumiu a escutá-la. Até que comecei a trabalhar em propaganda e tive que começar a pensar em trilhas, selecioná-las ou encomendá-las.
No começo da carreira, o próprio redator dirigia seus spots. E lá ia eu para a saudosa Artec Som, em Porto Alegre, dirigir o Bira Valdez, o Bira Brasil, o Rui Carvalho, o Ivan Fritsh e outros locutores realmente espetaculares. A trilha era escolhida a dedo, à procura de um LP gringo para piratear a música. A Artec, e todas as produtoras da época, tinham coleções intermináveis de bolachões. Uma maravilha. Um pedaço de Genesis, o finalzinho de um Pink Floyd, uma montagem com Gilete e Durex, e estava pronta a trilha do spot.
Muito tempo passou e a música voltou a marcar meu trabalho na série de filmes da Malwee, já nos anos 90, quando compramos os direitos e regravamos músicas do Só pra Contrariar, Isolda, Cidade Negra, Ivete Sangalo, entre outros sucessos.
Mas estes foram casos em que tínhamos verba (lembra dela?) para a produção. Na maior parte das vezes, a solução sempre foi a imprevisível trilha pesquisada, saída de um banco de trilhas qualquer. Às vezes dá certo, às vezes derruba o spot ou comercial.
Não adianta caprichar no texto, escolher um bom locutor, acertar na entonação, se você errar na trilha. O ritmo é fundamental, o clima proposto por ela é vital para a sua peça.
Acertar na música da campanha é meio caminho andado para o sucesso. A música sempre foi, e continuará sendo, a melhor maneira de conquistar o coração do consumidor. Música é sinônimo de emoção.
Mas quando falo em emoção, não me refiro só àquela emoção do choro triste, vale também o sentimento que provoca um riso contido, um sorriso rasgado ou um brilho nos olhos. A emoção do arrepio e do frio na barriga. A sensação de querer escutar de novo, de querer ligar pra emissora e perguntar que música é aquela que tocou no comercial.
Escolher a música certa é tão importante quanto a seleção das palavras certas da locução. Simples assim.
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8 comentários:
Primeiro quero ressaltar:
suas "aulas" on-line são Nices.
Pausa na correria, jobs não tão legais, pra ouvir um pouco de Palermo é sempre oxigênio.
Depois quero dizer uma coisa que desconfio que você saiba: Ontem eu tava pensando sobre isso! Será pq né..haha
Pois é, Thayse. Foi justamente lendo o roteiro de vcs, da Força Voluntária, que tive a ideia de fazer um posto sobre trilha.
Uau, arrasou mais uma vez!
E deixa eu contar um segredo que comecei a escrever um texto sobre música no domingo, sobre a trilha sonora da vida e não dos comerciais. haha
Mas voltando aos spots, trilha é o que há. Ás vezes tô aqui distraida e a tv fica ligada, e só olho pra ela qnd uma trilha me chama atenção. Engraçado, nunca tinha percebido isso. haha
Grande beijo, prof.
P.S - Esses tempos fui na facul, mas não estavas =/
Kelly, neste semestre vou apenas duas manhas e tres noites na Estacio. Me disseram q vc mudou de ag. , verdade?
Te mandei um e-mail contando as novidades! ahauha
Beijo
É o poder de persuasão...adoro ler seu blog, sempre com muita inspiração. Já te escolhi como meu orientador..espero que aceite!
Oi Palermo...
Meu blog não tem belos textos, mas tem ótimas opções de presentes e produtos =)
Saudade das aulas.
Bjo
Não consigo "ouvir" a vida sem música.
As trilhas têm um efeito singular nas criações publicitárias. Semestre passado tive o prazer de acompanhar o TCC de um dos formandos, justamente sobre este tema. E perceber a importância da criação dos spots, jingles, canção-jingles nas campanhas.
A música pode ser considerada um veículo de comunicação?
Adorei o seu texto.
Abraços,
Lívia Brito.
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