15 junho 2009

Sobre Faustão, Pretinho Básico e a propaganda



Escutei hoje no Pretinho Básico – sim, além de tudo ainda arrumo tempo pra ouvir o PB de vez em quando – um assunto que há alguns dias eu pensei que daria um bom post. Aproveitando o gancho, vou ao assunto: o Programa do Faustão – sim, às vezes tb encontro tempo de conferir o que acontece na Globo.

Vamos lá: quem conheceu o Fausto Silva antes de virar o Faustão da Globo pode recordar comigo: o Perdidos na Noite que ele apresentava aos sábado da Band tinha uma linguagem meio anárquica para os padrões televisivos. Não só pelos palavrões ditos com a naturalidade de quem diz um bom dia ao porteiro, mas pela maneira descompromissada de levar o programa, suas entrevistas e seus assuntos.
Fausto Silva, com o seu Perdidos, era cult.

Até que surgiu a Globo e transformou Fausto Silva no Faustão das camisas terríveis de hoje. O pior é que a mutação não foi apenas no visual. A Globo transformou um talento inovador em um repetidor de fórmulas comportadas e consagradas. Fórmulas controláveis. E este é o ponto do post. A maneira como domesticaram o Fausto é a maneira como domesticam também a audiência. Domesticados são controláveis, previsíveis, não oferecem riscos.

Quer saber o susto que Fausto deu na sua estréia na Globo? Assista no YouTube o primeiro Faustão da Globo. Vc verá um cara que entra pela primeira vez no palco da Globo – ou do Brasil? - sem se preocupar com as câmeras, sem obedecer marcações de cena. Ele entra e passa direto pelas câmeras, que são obrigadas a enquadrá-lo de costas (um sacrilégio para o padrão Globo). E Fausto vai até o auditório, e libera seu palavreado pop e natural.

Mas Fausto virou Domingão. Será que se acomodou? Será que se entregou aos contratos milionários? Será que ele não lembra mais como ele era bom no que fazia?

Não quero generalizar, mas esta mudança do Fausto Silva tem tudo a ver com o jovem criativo que começa na agência. Chega cheio de gás e novas idéias. Quer conquistar Cannes, Londres e o mundo. Deseja inovar, descobrir novas e inusitadas maneiras de dizer a mesma coisa de sempre. E no começo até consegue. Mas logo, o padrão vigente acaba com ele. Ou, melhor, enfraquece. Vai minando e aniquilando aos poucos. Vai colocando uma pedra aqui, outra ali. Uma parede aqui, outra ali. E vai dificultando sua caminhada a Cannes ou Gramado.

Conversa pessimista? Nada disso. Apenas um aviso para os Faustos e Faustas que chegam às agências. Não deixem que transformem a suas carreiras em um Domingão do Faustão. Simples assim.

13 comentários:

Mila disse...

Pois é, mas com tantos avisos, alertas e lembretes sobre a famosa "zona de conforto" acho que não hesitaremos em arriscar.
Jamais cair na mesmice.
Jamais prostituir nosso potencial.
E tenho dito.
heuheuheuheuee
Bjs tio!
;***

Guilherme disse...

Adoro seus textos Palermo, são ótimos para leitura, fica aí uma dica para quem sabe um livro, an?
HIAHAUHAHIHAHAAIH
Concordo com você, é sempre bom lembrar que não devemos cair na rotina e aceitar o mais fácil como o melhor caminho, as vezes arriscar é bom também (:
Até Palermo!

Anónimo disse...

Ô LOCO MEU!!!!
Abraço Palermo!!

Fabiano Nicaretta

Kelly Veiga disse...

Não deixarei!

Beijos, teacher!

Camille disse...

É Palermo, concordo com isso tudo, o problema é que parece (não, não parece, é) que os clientes não deixam arriscar, inovar. Mas tem os dois lados, a agência mostrar o novo, tentar e convencer, e o cliente ver que isso pode ser um novo caminho a ser seguido. Mas cá entre nós, é difícil mudar a cabeça de um cara quadradão de 70 anos (não estou generalizando!).
E isso sem falar quando a agência tem medo, aí complica. Eu vivo isso, aos poucos e às vezes dá-se uma brecha pro novo mas, na maioria, é aquele papai e mamãe. Bom, é só o começo. Que venham muitos prêmios, gramado e cannes.

Beijo!
Saudade das aulas

Claudio Martins disse...

Acho difícil um "antigo Faustão" chegando na agência recusar um salário de 4,5 milhões por mês só porque quer ser cool e pop.

Nem você. Ou recusaria?

João Augusto Quint disse...

E não só nessa profissão, como em todas elas. "Time que tá ganhando não se mexe" é o cacete. Outro fato semelhante acontece na indústria fonográfica é o caso da Madonna, que não se deixou "morrer" como a Cindy Lauper, que estava na mesma praia sonora que ela, por exemplo. Ou você se renova, ou vira um plágio de si mesmo. E quem arrisca, não petisca. Grande abraço, Palermo!

Raphael Dib disse...

ideia não tem mais acento.

Rei do Pão disse...

Esse é o tipo de conselho que a gente nunca esquece. Daqueles que podemos seguir a vida inteira sem medo de errar. Claro que como todas as coisas deve ser apreciado com bom senso.

Abraço Palermo

Marilis Dutra disse...

Muito bom o texto Palermo, faz a gente parar pra pensar o que realmente queremos com nossas carreiras... e não deixar de acreditar que somos capazes de fazer algo novo acontecer... Mas o dia a dia numa agência é complicado... os clientes tem medo de arriscar no novo

Fernando Palermo disse...

Concordo com td o q vcs comentaram. Até mesmo que ideia não tem mais acento, se bem que será permitido até 2012. É difícil resistir, enfrentar. Pior que na maioria das vezes nem rola uma grana boa a mais. Se eu recusaria a grana, Raphael? Nem me lembre, recusei na semana passada uma grana boa - e uma proposta de trabalho idem - pq iria contra meus planos de vida (dar aulas por exemplo). Pode parecer não ser a mesma coisa, mas no fundo é. Ou não é?

Anónimo disse...

RT Fabiano Nicareta: Ô LOCO MEU!!!!

Que post bom Palermo, confesso que não conhecia o Faustão assim tão anarquico.. pra mim ele sempre foi um modelo Globo de apresentador..

Valeu pela dica e pelo incentivo!! Vamos ver até onde vai a flexibilidade moral da galera!! haha

Abraço e boa sorte pro teu time hoje a noite.. só quero um bom jogo não importa quem ganhe!

Levi

Tauillio Machado disse...

Pois é,
Palermo com isso ele em novo contrato fechado com a globo tem 5milhões de reais na conta no fim do mês. E aí virarias um Fausto Silva (Faustão)

A casos e casos, e esse aí?
Ainda bem que na nossa vida isso aí não funciona!

Abraço.