30 maio 2010

Gibis e Indios no Cinema


Sou do tempo de ir à matiné para trocar gibis. Todo domingo era a mesma rotina: íamos ao cinema equilibrando nos braços uma pilha de gibis.

Na tela, sempre um bang-bang. Lembro do Ringo, um mocinho com cara de mau. Dava um tiro e matava dois ou três índios. Naquele tempo ainda não existia o politicamente correto, e os mocinhos matavam índios.

Quando a coisa ficava preta para o lado do mocinho, sempre surgia a cavalaria no alto do desfiladeiro. E a gente acompanhava o tropel de cavalos batendo com os pés no chão velho do cinema Rosário, lá em Porto Alegre.

Terminado o filme, havia um intervalo que durava o tempo necessário para a gente fazer as trocas de gibis. Era preciso ter o máximo de cuidado para não voltar para casa com um gibi faltando páginas. Geralmente as páginas centrais.

Um almanaque valia dois ou três gibis normais. Também havia os mais valiosos, como os primeiros do SuperHomem. Mas quem tinha não trocava por nada.

Três gongos e recomeçava a sessão, com mais um filme. Mas a tarde já estava ganha, ou melhor, a semana toda. Muita leitura pela frente, pelo menos até o próximo domingo quando a gente voltaria ao cinema para trocar tudo de novo.

09 maio 2010

Idiomas e crases


Dia desses, passei em frente a um grande e famoso curso de idiomas, ali no Santa Mônica, Floripa. No portão de entrada, estava uma placa que se destacava: "Bem-vindos a maior rede de ensino de idiomas do mundo."
Não foi possível conter o sorriso. Não pela hipérbole que a promessa continha. Nada disso. Mas achei engraçado justamente o que a frase não tinha.

Aquela placa falava da maior rede de ensino de idiomas do planeta! Quer dizer, os caras conhecem e ensinam francês, espanhol, inglês, alemão e, sabe-se lá, talvez até o javanês.

Sabem e ensinam todos os idiomas, menos o português. Se soubessem, teriam utilizado a crase que se faz necessária na frase.