Quinta-feira. Feriado. Sol. Grama alta. Tudo perfeito para botar a máquina de cortar grama pra funcionar. Quer dizer, quase perfeito. Não fosse uma minúscula e despercebida vespa escolher minha mão esquerda para depositar seu veneno.
Não foi a primeira vez que isso aconteceu. Lembro de uma, no verão de 2009, que pousou em meu lábio e o deixou maior que celebridade decadente com excesso de botox.
Mas desta vez foi diferente. A dor foi igual, mas as conseqüências muito piores. Poucos minutos depois da picada na mão, senti o rosto formigando. Também as pernas, as solas dos pés. O corpo começou a esquentar. Coceira generalizada.
Mas se fosse somente coceira, um banho resolveria. E não era. Uma leve tonteira. Deitei no sofá. A Lua sempre perto de mim. Não me largava. Levantei, com a Lua colada. Fui para o pátio de novo. Caminhei de um lado para o outro. Sensação estranha. Um pouco de medo, sem saber o que estava acontecendo.
Resolvi ligar para a Graça, que tinha saído de carro. Pedi para trazer um antialérgico qualquer. Ela estava no mercado, pertinho, aqui nos Ingleses. Veio correndo, não com um antialérgico, mas com o firme propósito de me levar para uma clínica médica.
A Laitano fica a uns 5 minutos de casa, de carro. Fui de carona, completamente cego. Já não via mais nada, tudo branco. Cegueira branca, como escreveu Saramagno.
Cheguei na clínica. Caminhei apoiado até a entrada. Não consegui tirar o cartão da Unimed da carteira. Lembro que me deixaram entrar direto para o atendimento.
Não lembro de muita coisa que aconteceu depois. Disseram que desmaiei duas vezes. Que caí no chão. Lembro de algo como me sentir saindo do corpo. De sentir uma leveza.
Lembro de abrir os olhos e o médico perguntar meu nome. Perguntar onde eu estava, e ele mesmo responder: você está no céu. Disse isso e sorriu, com uma cara de preocupado.
Colocaram em mim uma máscara de oxigênio. Ligaram fios no meu corpo. Deitado, enxergava o monitor do aparelho sobre a minha cabeça. Números e linhas sinuosas.
O médico tirou o aparelho de oxigênio e resolveu ele mesmo usar uma bomba manual. Continuou por alguns minutos assim, bombeando ar para os meus pulmões. Senti uma agulha, era injeção de adrenalina. Senti outra agulha, agora no braço. Soro e Fenergan.
Aos poucos comecei a raciocinar. E guardo as palavras, agora de um médico mais tranquilo: desta você escapou, mas foi questão de minutos. O choque anafilático, pela alergia à picada de vespa, foi poderoso.
Aquela vespa minúscula e anônima deixou como sequela uma certeza: na vida não existem problemas, se há vida.
16 comentários:
Tá falando sério????????? Meu Deus prof.!!! Que bom que tudo acabou bem!
Se cuide! E bom fim de semana!
Beijos
:***
God!
Teve sorte e nós também.
Que bom.
Se cuida, prof!
Beijão
Tá prof, isso é sério???
Socorro!!!
Até parecia uma crise de pânico esses sintomas todos, mas disparou na frente.
Já está melhor?
Beijo
Denise
Eu sei bem o que a Graça passou. A Ester tem o mesmo "problema" com vespas e também já fomos parar na Laitano. Que bom que deu tudo certo e você está bem e já escrevendo sobre o caso. Abraços e fique longe das vespas.
Palermo,
Que loucura...Melhoras.
Abraço
Puts...
Um belo texto (pra variar, professor redator), mas um triste acontecimento.
Melhoras.
Abraço
Caramba!!!
Comecei a imaginar a faculdade sem Palermo... Não... Não tem como!
Ainda bem que melhorou e na segunda ja estava firme e forte na banca da segunda fase ein! Agora quando ver uma vespa saia correndo, ou esmague, sei lá hahaha!
Abraço!
Caramba!
Assutador.
Parece roteiro de cinema, mas que bom que passou!
Abraços, professor.
Quer me matar de susto é fepa?Nããããããooo TUDO MENOS perder essa pessoa maravilhosa no mundo!
Nossa, Palermo. Que loucura!!!
Que bom que ficou tudo bem.
Melhoras.
Bjão!
Uma quase tragedia e uma belissimo texto! so nosso querido prof Palermo.
Seria comico se não fosse tragico.
se cuida homem...
bjão.
caramba hein Palermo....siga a sábia dica do Diego..
Fique longe das vespas...
abraçao mestre
bruno peres
Somos dois a desviar de insetos, meu amigo. Vespas, abelhas e marimbondos me apavoram desde criança quando tive choque anafilático por pisar no ferrão de uma abelha morta.
Ainda bem que seu Anjo da guarda é um cara bem treinado e competende, não esqueça de agradece-lo...
Agora mantenha sempre uma apola ou pelo menos um vidro de antialérgico em casa, porque "nós" seus alunos e seguidores não aceitamos lhe perder para um vespa não!
Abraços Prof.
Saudades da Estacio e das suas aulas maravilhosas!
Quando você contou essa história na aula já fiquei assustada, agora lendo seu texto fiquei mais ainda.
Que bom que deu tudo certo e ainda rendeu um belíssimo texto.
Beijos.
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