22 novembro 2009

Sobre detalhes que não notamos que existem, mas que sentimos falta quando não estão lá.


Poderia falar da alegria que é poder caminhar normalmente, poder correr e pular. Coisas simples que só valorizamos quando estamos com aquela tala de gesso no pé.

Ou falar do silêncio, da tranquilidade de poder ouvir nada quando a gente está sozinho, mergulhado num bom livro. Uma situação corriqueira, que aprendi a valorizar somente quando passei a ouvir este interminável e infernal zumbido 24h.

Mas vou falar de uma coisa aparentemente banal, e que, um dia desses, senti uma falta monumental. Refiro-me ao bip do teclado da caixa automática do banco.

Você já teclou no terminal 24h do banco, sem o som das teclas? Sem o retorno de que seu toque no número foi recebido pela máquina? Pois é, você pressiona a tecla com a ponta do dedo indicador e fica sem saber se a máquina recebeu e compreendeu a informação que você transmitiu.

Comigo foi assim: teclei vários números correspondentes às senhas que sou obrigado a decorar – e que muitas vezes esqueço – e a máquina lá, na sua perturbadora mudez. Não emitiu um “ai” qualquer.

Nem mesmo uma mensagem na tela pra dizer: “continue, você está no caminho certo”. Ao final da operação, deu tudo certo. A máquina, antes indiferente a mim, resolveu me entregar os trocados pretendidos.

Confesso que, depois de pegar o dinheiro, conferir as cédulas e dar as costas para a máquina, ouvi uma risadinha eletrônica. Claro que não ousei girar a cabeça pra olhar pra trás. Achei por bem deixar aquele riso automático também sem resposta.

6 comentários:

Kelly Veiga disse...

hsuahsa

Um texto mais que bom.
E não importa se é Delícia ou Repecon.

Não, nunca teclei no 24h sem som. Vou reparar na próxima.

Beijo!

Líviarbítrio. disse...

HHAhahha.
Detalhes que fazem alguma diferença.
Já senti falta desse barulhinho, não nessas proporções, mas precisei retornar o processo para me certificar que a máquina estava funcionando.

Muito bom texto.
Abraços,

Lívia.

Clarissa Bonatelli disse...

Ta aí, um ótimo texto para se pensar sobre a importância do feedback. E como é fundamental para a nossa profissão.

Bjão
;)

Fernando Palermo disse...

Sem dúvida, Clarissa. Feedback é fundamental em qualquer atividade. Pena que muitos gestores não sabem fazê-lo, analisando mais o resultado do que o processo ou a própria performance do profissional.

Anónimo disse...

Meu ex-professor eh loco, mas escreve bem! a mocinha do feedback matou a charada, parabens!
abraco!

André Klock disse...

Risada eletrônica no final? Tem certeza de que o dinheiro veio na quantia certa? Hehehe!

Confesso que ja fui nesses caixas 24h e senti falta dos "bips", mas fazer o que? Acho que querem ser mais discretos.

Ótimo texto eterno professor Palermo! Me tirou boas risadas aqui hahaha!